Mercedes-Benz C 180 CGI é a porta de entrada da marca no Brasil
Para os puristas, um Mercedes-Benz sem tração traseira não merece ostentar o emblema das três estrelas. Por isso mesmo, a Classe C é considerada a primeira gama "real" da marca e o 180 CGI o Mercedes "de verdade" mais barato à venda no Brasil. Com um preço que parte de R$ 114.900, a intenção da fabricante é ganhar volume de vendas no acirrado segmento de acesso ao alto luxo sem banalizar a marca. E, de quebra, fazer um marketing "ecológico" com a motorização CGI Blue Efficiency, que preza por índices reduzidos de consumo de combustível e de emissões de poluentes.
Responsável por um terço das vendas da Mercedes no Brasil, o Classe C com o motor 180 CGI é principal carro deste nicho, com 2.842 unidades vendidas em 2010 e 568 nos dois primeiros meses de 2011. Seus rivais imediatos são dois conhecidos conterrâneos. O BMW 320 i parte de R$ 112.500 e somou 320 unidades comercializadas no primeiro bimestre do ano. Em um patamar um tanto acima está o Audi A4, que vende menos porque cobra mais. O sedã parte de R$ 134.900 e contabilizou 165 unidades no mesmo período.
Com uma concorrência feroz, nada mais natural para a Mercedes-Benz do que incrementar seu modelo a fim de se distanciar de BMW e Audi. Entre os argumentos mais fortes para se sair na frente nesta competição alemã, estão o preço "atraente" para o endinheirado segmento premium, claro e tecnologia de ponta. O substituto do C 180 Kompressor abriu mão do compressor para utilizar um sistema no qual ar e combustível se misturam diretamente na câmara de combustão. Este processo, considerado pela Mercedes inédito no Brasil, resulta em uma queima mais eficiente, com alto desempenho e menos resíduos.
A evolução tecnológica, no entanto, não representa maior potência. O motor 1.8 de quatro cilindros assistido por um câmbio automático de cinco velocidades oferece 156 cv, ou seja, o mesmo que seu antecessor. No entanto o motorista pode ter a certeza de que está agredindo menos o meio ambiente, já que a Mercedes fala em 12% de economia. Ainda segundo a marca, a velocidade máxima do C 180 CGI é de 220 km/h, enquanto o zero a 100 km/h pode ser cumprido em 9 segundos. Os números ganham mais expressão quando se fala em consumo. De acordo com a Mercedes o Classe C equipado com o motor 180 CGI é capaz de fazer 18,5 km/l em estrada e 14,3 km/l em ciclo combinado. O modelo testado, porém, não passou de 8,3 km/l em um trajeto 2/3 urbano.
Entre os sistemas do modelo o destaque vai para a chamada Agility Control, que é capaz de controlar o amortecimento do veículo, dependendo das condições do piso e do estilo de pilotagem. Além disso, o sedã traz itens óbvios para o segmento de luxo como ar-condicionado automático dual zone, trio elétrico, assentos dianteiros com ajustes elétricos, entre outros. A preocupação ecológica está presente até mesmo na direção hidráulica, que só entra em ação quando o volante é movimentado. Isso poupa trabalho da bomba de assistência e assegura uma certa economia de combustível.
Como um Mercedes-Benz que se preze, o C 180 CGI oferece uma vasta lista de itens de segurança. O modelo sai de fábrica com controle eletrônico de estabilidade e de tração, freios com ABS e EBD, Active Brake Light, airbags frontais, laterais e do tipo cortina, Neck-Pro encostos de cabeça ativos que se movimentam em uma batida para minimizar traumas na coluna ou no pescoço no chamado efeito chicote , limitador de velocidade e controle de cruzeiro. Entre os "mimos" para o motorista estão teto-solar com comando elétrico, revestimento dos bancos em couro sintético e rádio/CD Player com Bluetooth. Em matéria de design, o sóbrio Mercedes Classe C está quase desatualizado. Isso porque a partir de junho desembarca no Brasil sua nova versão reestilizada, que começa a ser vendida na Europa neste mês de março para substituir a atual, lançada em 2007.
Impressões ao dirigir
Emoção de entrada
O modelo inicial da gama da Mercedes traz os principais elementos que se esperam da marca. O Classe C equipado com o motor 180 CGI está longe de ser um carro que instigue a direção ousada, mas é capaz de oferecer grande dose de diversão ao motorista. Isso porque o motor 1.8 de 156 cv responde prontamente às pisadas no acelerador e, com isso, o ganho de velocidade é vigoroso. Méritos também para o câmbio de cinco marchas bem escalonado e sem "delays", que só causa uma certa estranheza inicial pela opção de troca manual na transversal, no lugar do costumeiro longitudinal. As retomadas são exemplares e o motor responde em qualquer situação. A Mercedes-Benz fala em uma velocidade máxima de 220 km/h, um número bastante satisfatório.
Vale ainda ressaltar o excelente trabalho de estabilidade e isolamento acústico, já que mal é possível notar que o carro está em alta velocidade. Além disso, com tração traseira e suspensão independente nas quatro rodas, o acerto dinâmico do carro é exemplar e a carroceria torce o mínimo. As imperfeições no asfalto quase não são sentidas. Já no consumo o carro é um pouco decepcionante. O motor 180 CGI promete números "ecologicamente corretos", mas no "mundo real" o consumo de 8,3 km/l em trajeto 2/3 urbano se mostrou apenas satisfatório.
O habitáculo não oferece grande espaço para os passageiros, mas é bem confortável e prima pela utilização de materiais de qualidade e revestimentos alcochoados. Mesmo assim sente-se a falta de um requinte inerente aos Mercedes. A tela do sistema de entretenimento, por exemplo, aparenta certa fragilidade, não tem muitas funções nem sequer GPS e não é eletronicamente rebatível uma falha para um carro de R$ 114.900 de uma das marcas mais conceituadas do mundo. Fora isso, o três volumes alemão oferece uma boa posição de dirigir. Os bancos são confortáveis e em couro cinza claro, o que transmite a sensação de estar em um carro superior. A visibilidade é boa na frente e a direção tem boa pegada, algo muito convidativo para um piloto com vontade de acelerar.
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